Rose Marie Muraro trabalhou e se dedicou a uma luta incansável e em muitos momentos abdicando da sua própria vida, para que no Século XXI, as novas gerações pudessem ter um mundo melhor, com igualdade e justiça entre homens e mulheres.
O Século XX, foi marcado por desafíos e dificuldades enfrentadas por pessoas que pudessem enfrentar o impossível, para que as gerações advindas usufruam de condições de vida muito mais fáceis e agradáveis do que o encontrado pelas pessoas que desbravaram estes terrenos, araram estass terra e plantaram aquilo que colhemos e vivemos hoje.
Conheça o Histórico de uma dessas pessoas que desafiou o impossível, que enfrentou o impossível e principalmente venceu o impossível.
Rose Marie Muraro, tem formação em Física (antiga Universidade do Brasil), mas nunca exerceu a profissão. Desde jovem escrevia para jornais estudantis. Quando começou a trabalhar (1960) foi diretora da União Católica de Imprensa na Conferência Nacional de Bispos do Brasil. Começou a trabalhar na Editora Vozes de Petrópolis em 1961, organizando coleções de livros nacionais. Em 1966 escreveu seu primeiro livro Mulher na construção do mundo futuro, que vendeu dez mil exemplares em três meses. Em meados dos anos 60, trouxe para esta editora a produção da Igreja Progressista banida pelo regime militar.
Em 1968, escreveu seu segundo livro Automação e o futuro do homem, e em 1970 Libertação sexual da mulher, ambos pela Editora Vozes. Nesse ano publicou também As mais belas orações de todos os tempos e As mais belas orações do nosso tempo em parceria com frei Raimundo Cintra pela José Olympio Editora. Em conjunto, os dois últimos livros venderam até 2000 cerca de 200 mil exemplares.
De 1965 a 1967 foi diretora editorial da Ed. Forense, tendo fundado a Editora Forense Universitária. Em 1968 trabalhou como editora na Fundação Getúlio Vargas.
A partir de 1969 assumiu o cargo de editora-chefe da Editora Vozes. Em 1971 trouxe para o Brasil a feminista Betty Friedan, originando um grande movimento de opinião pública que daria início ao futuro Movimento Feminista no Brasil.
Em 1975 foi membro fundador do Centro da Mulher Brasileira. Ainda nesse ano, os militares, por causa de sua liderança feminista, proibiram seus livros como pornográficos, embora estivessem maciçamente sendo adotados em escolas e universidades brasileiras.
A partir de 1977 fez uma série de viagens aos Estados Unidos, onde deu aulas e conferências em mais de 40 universidades.
Em 1983 publicou A sexualidade da mulher brasileira: corpo e classe social no Brasil (Editora Vozes). Este livro esteve durante seis meses na lista dos mais vendidos do país, tendo conseguido mais de sessenta reportagens de primeira página na maioria dos jornais e revistas do Brasil. Até hoje é o único trabalho desta envergadura na área da sexualidade em língua portuguesa, também considerado um dos mais importantes da atualidade. A pesquisa foi resultante de uma dotação da Fundação Rockefeller e de dotação complementar do Fundo Nacional para o Desenvolvimento Educacional (MEC).
Em 1985 foi membro fundador do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Brasília), órgão ligado ao governo federal, que conseguiu inserir na Constituição de 1988 alguns dos itens mais progressistas a âmbito internacional sobre a condição da mulher.
Ainda em 1985, escreveu junto com diversos teólogos Sexualidade, libertação e fé: por uma erótica cristã (Editora Vozes). Em 1986 foi desligada desta Editora por ordem do Vaticano, junto com o superintendente frei Ludovico de Castro e frei Leonardo Boff.
Na Vozes publicou mais de 1.200 livros em sua grande maioria de escritores brasileiros. Ainda em 1986, fundou a Editora Espaço e Tempo, onde trabalhou até os fins de 1988, tendo ali também publicado cerca de cem livros. Em 1990, junto com Laura Civita, Neuma Aguiar, Ruth Escobar e a Editora Record fundou a Editora Rosa dos Tempos, a primeira editora de mulheres na América Latina, de onde saíram mais de duzentos títulos.
Em 1990, nesta última editora, publicou Os seis meses em que fui homem e, em 1992, A mulher no terceiro milênio. Em fins de 99 publicouMemórias de uma mulher impossível, autobiografia como resultado de gravações realizadas na Temple University (Philadelphia – EUA). Esta é uma das três únicas autobiografias de mulheres em toda a história do Brasil. Em janeiro de 2000 desligou-se da Editora Rosa dos Tempos. Ao todo seus livros venderam 400 mil cópias e publicou mais de 1600 livros. Em fins de 2000 publicou Textos da Fogueira pela Editora Letraviva (Brasília).
Em 2002 publicou Masculino/Feminino: Uma nova consciência para o encontro das diferenças (Editora Sextante), em parceria com Leonardo Boff. (4.ª edição)
Em 2003 publicou Um Novo Mundo em Gestação (Editora Verus), Porque nada satisfaz as mulheres e os homens não as entendem (Editora Girafa), Amor de A a Z (Editora Sextante) e A paixão pelo impossível (Editora Girafa).
Premiações:
- Foi nomeada em setembro de 2003, pelo Presidente da República, como Conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) por notório saber em matéria de gênero.
- Foi indicada como Mulher do Ano nove vezes por diversas instituições e em 1990 e 1999, pela revista Desfile, como uma das mulheres do século.
- Em 1994 foi indicada Intelectual do Ano pela União Brasileira de Escritores.
- Em 1987, recebeu Medalha de Ouro Alvorada do Governo Federal por relevantes serviços prestados ao país.
- Em 08 de março de 1996, pelo mesmo motivo, a medalha Tiradentes da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
- Em 08 de março de 1999 a Medalha Pedro Ernesto da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.
- Em Setembro do mesmo ano recebeu o Troféu Teotônio Vilella pelo prêmio Ênio Silveira como a mais importante Editora na resistência à Ditadura Militar.
- Em março de 2001 recebeu da Assembléia Legislativa de Brasília o título de Cidadã Honorária, maior honraria dada a pessoas de outros estados.
- Em 29 de março de 2004: “Cidadã Honorária da Cidade de São Paulo.
- Em 10 de março do mesmo ano recebeu o Prêmio Carlota Pereira de Queiroz, que é a mais importante condecoração dada a uma mulher pelo Congresso Nacional.
- Em 29 de junho de 2005 foi indicada com mais cinqüenta e uma mulheres para o Prêmio Nobel da Paz, como parte de um projeto que reúne mil mulheres de cento e cinqüenta países.
Viagens – USA:
Em 1977 foi agraciada com uma Bolsa Fullbrigth, tendo lecionado na área dos Five Colleges (Mass.) que incluem a Universidade de Massachusetts, Amherst College, Smith, New Hampshire e Mount Holyoke.
Nesse período fez conferências também na área do Consortium (Alabama), Cornell, Duke, Pensilvania University at Pittsburgh, Flórida University at Gainesville, NYU, City College, Columbia etc.
Em 1981, 84, 85, 88 recebeu convites por outros programas, tendo feito conferências nas universidades de Novo México (Albuquerque), Washington State (Seattle), Iowa, Browne (Rhode Island), Yale, Harvard (onde ganhou mas não pode realizar a Bolsa do Mary Bunting Institute), George Town, UCLA, Berkeley e várias outras.
No primeiro semestre de 1997 realizou, na Temple University (Philadelphia), pesquisas por um semestre por ter recebido outra Bolsa Scholar in Residence da Fundação Fullbright, onde gravou o depoimento autobiográfico já citado.
Outros Trabalhos:
Em 1978 foi convidada pela Internacional Sociological Association para conferência no seu IX Congresso Internacional em Upsala (Suécia).
Em 1988 e em 1990 foi convidada pelo Congresso Internacional de Editoras Feministas, respectivamente em Montreal e Barcelona.
A partir de 1970 percorreu praticamente todos os estados do Brasil, fazendo palestras e conferências sobre a condição da mulher, convidada por várias instâncias da sociedade brasileira (governos estaduais, prefeituras, estatais, movimentos de mulheres, congressos, simpósios, universidades etc.). Nos últimos anos estas viagens subiram à cifra de 40-50 ao ano. Tem também realizado conferência na área empresarial nos vários Sesc, Senac, Senai, Federações de Indústrias como Fiesp, Fiemg, Fibra, Clubes de Diretores Lojistas e em várias estatais como BNDES, Petrobrás, Vale do Rio Doce, Banco do Brasil, Banco Central, Usiminas, Correios e Telégrafos etc.
Na área de gênero treinou desde 1998 os professores da rede estadual de educação dos 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro junto com a ONG Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH). E iniciou outro projeto de treinamento para o pessoal da área de saúde dos 800 municípios do Estado de São Paulo em colaboração com a Secretaria de Saúde daquele Estado. Ambos os projetos foram concluídos em 2003.
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