Bento XVI recebeu ao meio-dia desta sexta-feira os membros da Comissão Teológica Internacional, que acabam de realizar a sua sessão plenária. Referindo-se aos temas que foram abordados nesses dias, o Papa afirmou que “a reflexão sobre a visão cristã de Deus pode ser uma valiosa contribuição tanto para a vida dos fiéis como para o nosso diálogo com os crentes de outras religiões e também com os não crentes”.
A reportagem é do sítio Religión Digital, 03-12-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Depois destacou que, na “teo-logia”, “tratamos de comunicar por meio do ‘logos’ o que ‘vimos e ouvimos'”. “Podemos pensar em Deus e comunicar o que pensamos porque Ele nos dotou de uma razão em harmonia com a sua natureza. (…) De fato, conhecer a Deus em sua verdadeira natureza é a forma segura de garantir a paz. Um Deus que não é percebido como fonte de perdão não pode ser luz no caminho da paz”.
“Nenhum sistema teológico – continuou – pode subsistir a menos que esteja impregnado pelo amor do seu divino ‘Objeto’, se não se alimentar sempre do diálogo – isto é, da aceitação na mente e no coração do teólogo – com o Logos Divino, Criador e Redentor”, disse o Papa em seu discurso à Comissão Teológica Internacional.
Nesse sentido, assinalou que a teologia “deve ser fiel à natureza da fé da Igreja: centrada em Deus, enraizada na oração, em comunhão com os demais discípulos do Senhor, garantida pela comunhão com o Sucessor de Pedro e todos no Colégio dos Bispos”.
O Papa ressaltou que “o teólogo nunca parte do zero, mas leva em consideração como mestres os padres e os teólogos de toda a tradição cristã. Enraizada na Sagrada Escritura, lida com os Padres e Doutores, a teologia pode ser uma escola de santidade, como testemunhou o beato John Henry Newman. Descobrir o valor permanente da riqueza transmitida pelo passado é uma contribuição importante da teologia no âmbito das ciências”.
“O compromisso social dos cristãos provém necessariamente da manifestação do amor divino”, disse o Santo Padre. “A contemplação de Deus revelado e o amor ao próximo não podem ser separados, mesmo que sejam vividos de acordo com carismas diferentes. Em um mundo que frequentemente aprecia muitos dons do cristianismo – como por exemplo a ideia da igualdade democrática, filha do monoteísmo evangélico –, sem compreender a raiz dos seus ideais, é particularmente importante mostrar que os frutos morrem se for cortada a raiz da árvore”.
“De fato, não existe justiça sem verdade, e a justiça não se desenvolve plenamente se seu horizonte se limita ao mundo material. Para nós, cristãos, a solidariedade social sempre tem uma perspectiva de eternidade”.
Bento XVI concluiu reforçando que “não é possível ser teólogo na solidão: os teólogos têm necessidade do ministério dos pastores da Igreja, assim como o Magistério tem necessidade de teólogos que desempenhem profundamente o seu serviço, com a elevação espiritual que isso traz consigo”.
4/12/2010
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