Marcelo Coelho em seu artigo hoje na Folha comenta sobre a participação do Estado na vida do cidadão. O que ele diz é que a forma como o Estado funciona mostra a distância da participação do cidadão que ao invés de criar o Estado e fazer com que os valores comuns se manifestem nas leis criadas pela cadeia de relações com o povo, acaba sendo somente um aparelho que dita ordens para a população a partir de cima e que faz com que o cidadão tenha sua participação somente na obediência ou na corrupção das leis impostas. Por exemplo, ao invés de lutar contra a nova gramática, a população se mobiliza para aprender as mudanças. Ou, exemplo meu, na luta contra o aumento da tarifa de transportes, o cidadão reclama e reclama sem ir para as ruas fazer o governo mudar o que o povo não quer que aconteça.
O resultado disso é a relação de desapego com a coisa social e o distanciamento ético do que acontece. O governo é sempre o culpado por tudo e nós cidadão nos furtamos de nossa própria responsabilidade social de dirigir o país para onde queremos e sonhamos. Enquanto isso, aqueles que se comprometem com a vida pública fazem da vida deles e da nossa o que eles bem entendem… Triste essa nossa democracia brasileira de fachada.
Para as ruas gente, para as ruas!!!
Veja um trecho do artigo que saiu na Ilustrada de hoje (26 de Janeiro de 2011):
“Quase 200 anos depois da Independência, ainda temos do Estado uma visão colonial. Trata-se de uma entidade arrecadatória, nascida de algum reino estrangeiro que inventa novas coisas para nos infernizar e que cumpre enganar do mesmo modo com que nos tapeia. A corrosão ética da coisa toda nasce, a rigor, da política, e não o contrário: por se tratar de uma cidadania imperfeita, de um autoritarismo latente, de uma democracia sem participação e de um Estado, afinal, sem dono, mas com muitos gerentes e coronéis, é que corromper ou obedecer são as saídas que conhecemos. Não adianta reclamar depois.” Marcelo Coelho