Nesta terça-feira, 16 de outubro, celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, contudo, existem poucos motivos para comemorar, já que, apenas no continente latino-americano 49 milhões de pessoas passam fome, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Na tentativa de mudar esta realidade é que se está utilizando a data para chamar atenção para o fortalecimento da pequena agricultura e das cooperativas.
Apesar da cifra elevada de pessoas famintas na América Latina, o panorama já foi bem pior, visto que nos últimos 20 anos, 16 milhões de pessoas não padecem mais nesta condição. Apesar deste avanço considerável, a realidade é que a América Latina poderia ter evoluído ainda mais, já que o continente produz alimentos suficientes para suprir as necessidades de todos os seus habitantes.
Com vistas a transformar este panorama, a Oxfam está fazendo um apelo aos governos para que fortaleçam a pequena agricultura e não cedam às pressões do agronegócio. Ao invés de impulsionar os setores agroexportadores, pedem que os governos se comprometam em aumentar o orçamento de 2013 para a pequena agricultura, já que este sistema é a base da alimentação de milhões de pessoas na região e ajuda a gerar inúmeros empregos no campo.
“Os governos da região devem aproveitar o atual momento de crescimento econômico que muitos países experimentam, gerando nos orçamentos de 2013 um incremento no investimento na agricultura familiar e campesina, especialmente nas mulheres, que tanto potencial têm para aumentar sua produtividade de maneira sustentável. Este é o caminho mais viável para eliminar a fome na região”, disse Antonio Hill, representante da campanha Crece da Oxfam para América Latina, alertando que os governos precisam deixar de visar apenas lucro com a exportação de alimentos, para ver na pequena agricultura a garantia de alimento para todos.
O mesmo pensamento é compartilhado pela Via Campesina, que durante a coletiva de imprensa realizada em Roma (Itália), no marco da 39º sessão do Comitê de Segurança Alimentar Mundial, chamou atenção para a ameaça que pende sobre a agricultura campesina visto que a questão dos investimentos agrícolas deixa espaço para mais acúmulo de terras, de água e de recursos naturais. O movimento campesino lembra que exemplos de vulnerações dos direitos dos campesinos/as se multiplicam com os investimentos do setor privado na agricultura.
A organização internacional também aponta que os investimentos agrícolas são de importância extrema e, dependendo de como sejam aplicados, se no agronegócio ou na pequena agricultura, podem transformar a realidade do campo no mundo.
Sendo assim, a injeção de recursos na pequena agricultura é uma medida urgente. De acordo com a FAO, aproximadamente 925 milhões de pessoas não tem o suficiente para se alimentar e 70% destas vivem na zona rural, onde a agricultura é a principal fonte de renda. Complementando a estratégia da Oxfam, FAO decidiu neste Dia Mundial da Alimentação apoiar as cooperativas.
A organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura acredita que as cooperativas agrícolas e as organizações de produtores são meios eficientes para ajudar as pessoas a saírem da pobreza e da fome; também ajudam os agricultores a aumentar seu poder de negociação e melhoram suas habilidades e educação.
A defesa das cooperativas agrícolas é feita com base em experiências exitosas que se desenvolveram em países como a Tailândia, onde pequenos agricultores se organizaram e acabaram com a necessidade de intermediários para a venda de seus produtos.
Neste contexto, e contanto com ideias que podem transformar a realidade de fome que milhares de pessoas ainda enfrentam, organizações e movimentos campesinos, agrícolas e de defesa destas populações reafirmam sua luta em prol da soberania alimentar, denunciam a violação dos direitos campesinos e campesinas e lembram que apenas estes homens e mulheres são capazes de alimentar o mundo.