“Não sei, só sei que foi assim!” (em O Auto da Compadecida)
“Ah, esses negociantes e usurários do mundo ! Querem nos moldar à imagem deles, a nós, povos morenos dos países quentes, nós, os ardentes, os que ainda temos a capacidade de ser felizes, de fruir a vida, num mundo em que isso vai ficando cada vez mais raro!
Eu gostaria que eles nos deixassem fruir da nossa vida, que eles consideram suja, e enfrentar nossa morte, que consideram irracional !
Ficassem por lá, com sua riqueza amontoada por séculos de trabalho estúpido e tenaz, com seu poderio acumulado em máquinas e dinheiro, com seus ideais puritanos de higiene e virtude! Mas não ! Eles precisam vender seus produtos, para acumular mais dinheiro!
Então, procuram nos corromper para nos dominar, sob o pretexto de que somos uns adolescentes bárbaros, que é preciso conter e dominar com rédea curta, senão atrapalham e sujam a ordem do mundo!
“Esses povos de comerciantes, os mais tristes do mundo, nascidos e criados entre o frio, o escuro e a severa infelicidade dos ideais puritanos, querem impingir suas receitas a nós, povos morenos, criados ao sol ! Como é que poderão, nunca, nos entender ?”. ARIANO SUASSUNA.