Multiculturalismo

Multiculturalismo

Estou em Chicago, em uma conferência sobre igreja e multiculturas, uma tentativa de fazer grupos protestantes tornarem-se mais diversos, múltiplos, e acolher o diferente. Chamam essa vivência entre várias culturas de multiculturalismo. Essa conferência é organizada pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos que quer seguir o caminho que sua sociedade já percorre, se diversificando enormemente a cada dia. Diz-se que em 20 anos, a maioria branca nesse país perderá seu status de maioria e não haverá mais maioria significativa que defina esse país. Essa mudança já se constata na alternância de tamanho entre a população Negra e Hispana dos Estados Unidos. Hoje a população Hispana já é maior que a Afro-Americana, causando uma série de complicações, seja no que se diz respeito aos recursos governamentais como nas formas de relação sociais, nem sempre cordiais.

Essa tensão é tamanha que há uma tentativa de uma minoria negra de jogar os Hispanos, ou novos imigrantes, contra a população negra em geral dizendo que são os imigrantes os responsáveis pelo desemprego dos negros norte-americanos. Algo risível. O perigoso desse gesto é a fomentação do ódio étnico-racial que cria violência e distúrbios sociais. Vejam o quadro abaixo que diz o seguinte: Anistia para Trabalhadores Ilegais não é só um tapa na cada dos Afro Americanos mas um desastre econômico.

O multiculturalismo foi criado para tentar desenvolver uma teia de relações sociais mais diversificada, aberta e cordial. O Canadá é o país que transformou o multiculturalismo em fato governamental.

A crítica que se faz ao multiculturalismo é que ao invés de criar espaços de abertura, boas vindas e vivências diversificadas, ela se torna uma forma do governo cooptar grupos culturais étnicos a favor de sua própria cultura sob seu poder, leia-se cultura, único. Já os que são a favor dizem que o multiculturalismo é a melhor forma de se criar diversidade onde antes havia hegemonia de uma só cultura.

O fato é que as grandes e pequenas imigrações fizeram do mundo um lugar extremamente diverso. Onde antes não havia mais do que um grupo social, e assim possivelmente uma língua, uma religião e prática culturais de certa forma homogêneas, agora grupos étnicos diversos convivem e as competem por aceitação e desenvolvimento de suas próprias formas de se ver e viver a vida.

Aqui na igreja presbiteriana dos Estados Unidos, há ainda muita resistência a outros grupos étnicos. Dar boas vidas a outros grupos é “perder” o que se entende de tradição e com isso, seu conhecimento e poder de controle.

O cosmopolitanismo seria um outro jeito de se conviver em diversidade. O cosmopolitanismo nos expande, nos faz cidadãos de diversos mundo, nos tornando diversos em nosso jeito de viver. Nada de se manter uma só cultura, pura, autóctone, ou se buscar a união de iguais, mas sim a busca de se viver juntos mesmo que na desunião entre uma pluralidade de visões, de práticas e conhecimentos. Nesse cosmopolitanismo, bens comuns são sempre postos em discussão e a favor dos mais fracos. O olhar para os mais fracos  e o ouvir de suas vozes são fundamentais pra que todos se tornem cidadãos do mundo. São os excluídos os que mais necessitam de abrigo, de visibilidade e de lugar a mesa.

Para nos tornarmos cosmopolitas, não é preciso aceitar tudo do outro para se conseguir viver bem e juntos. A diferença não só faz parte da convivência como é fundamental. Além do mais, é preciso aprender a perder para poder ganhar. Como disse Jesus, “Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á.” (Lucas 17:33)

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